quarta-feira, 11 de abril de 2012

A.M.I.G.O.S - 1ª Temporada, Episódio 5 - Consequências

Suspiro. Estou neste exacto momento ao balcão da Mercearia parada. Há algum tempo que tenho dormido ali. Os outros expulsaram-e de casa. Bom, tecnicamente não o fizeram... Mas o Daniel é o ponto fraco de todos eles e senti-me deslocado. Sandra então, criticava-me com ada olhar que me lançava. De vez em quando vejo o pobre Óscar e a tímida Matilde passarem em frente à Mercearia, numa tentativa falhada de me falarem. Giuseppe ou Sandra acabam sempre por aparecer. Andreia tem estado ocupada com um novo caso que a poderá ajudar a subir na carreira. Espera... Foi há quase uma semana que o Giuseppe contou aos restantes que eu fora ter com Daniel. Suspiro novamente. Uma senhora de idade entra na mercearia. Tem os cabelos de um branco prateado, e os olhos são azuis enevoados. Caminha determinada, apesar de ser baixa. Observo-a atenta e discretamente. Vejo então um jovem, nos seus vinte e cinco anos, de cabelos ruivos e olhos verde-vivo, corre pela mercearia a dentro.
- Avó! - Exclama, animado.
Ela gira de fora surpreendentemente ágil nos seus calcanhares, e sorri-lhe.
- Matt! Ora que surpresa agradável, pensei que só voltasses de Nova Iorque daqui a duas semanas!
- Decidi vir mais cedo para visitar a minha avó preferida.
Ela faz uma careta.
- Sou a tua única avó viva!
Ele revira os olhos e dá-lhe um abraço.
- Já viste, descobri esta mercearia agora mesmo... - Comenta, agora mais baixinho.
Eu mexo-me, desconfortável, e finjo estar demasiado atento num rótulo para ouvir.
- É agradável... Lá eu NY costumamos comprar tudo em centros comerciais...
- Éne Uai? O que e isso? - Interroga a idosa, provocando-me um sorriso.
- Nova Iorque, avó, mas são as iniciais em inglês.
- Ah, meu filho, sabes perfeitamente que comigo só o português bem falado... Mhm, e se eu te fizer para o almoço um bom cozido à portuguesa como tu gostas?
- Parece-me ótimo, avó. Mas ao jantar cozinho eu uma especialidade americana!
A senhora faz uma cara de enjoada.
- A especialidade da América é comida de plástico, não me convence muito...
Eu sorrio. Ela está já ao balcão, com uma ramada de couves e um saco de feijões. Ela responde-me com um sorriso.
- Bom dia, o meu nome é Leonor, e este é o meu neto, Mateus.
- Matt para os amigos. - Apressa-se ele a corrigir.
- Ivo, muito pazer, Senhor Mateus e Dona Leonor. - Digo, educadamente. - É tudo o que vai levar?
- Sim, penso que sim. - Afirma.
Eu sorrio.
- Se me permite fazer a sugestão, chegou ainda hoje um chouriço alentejano que era capaz de ficar delicioso no cozido... - Murmuro, como se lhe contasse um segredo.
Ela olha para mim de forma simpática.
- Ora, vejo que o menino percebe disto... Por mim acho que sim, de qualquer das formas iria ao talho arranjar chouriço, que já tenho pouco em casa...
- Então sente-se aqui, que eu vou lá buscá-lo. - Convido, oferecendo-lhe a cadeira atrás do balcão.

Quando volto, vejo a Dona Leonor colocar alguma moedas na caixa, e interrogo-a com um olhar, pousando  chouriço no balcão.
- A Dona Gertrudes passou por cá para deixar o euro que estava a dever das alfaces. - informa.
Eu sorrio, agradecido.
- Ora, não precisaa de se incomodar! - Exclamo, dando-lhe o chouriço.
- Não me custou nada, já trabalhei numa papelaria e num café, sei fazer as minhas contas. Então quanto é o chouriço?
- Oferta da casa. - Aviso. - É um presente por cá ter vindo.
- Tem a certeza...?
- Claro!
Ela paga as couves e o feijão, e depois guarda tudo num saco de pano, sob o olhar atento do neto.
- Então o resto de um bom dia e bom apetite para o almoço. - Despeço-me.
Ela está prestes a sair e depois vira-se de novo para mim.
- Daqui a uma hora o meu neto vem buscá-lo. Vem almoçar connosco e não aceito não como resposta! - Diz convidativamente. -  Gostaria de trocar mais impressões culinárias com o menino Ivo, e assim smpre testa por si mesmo se o chouriço alentejano foi uma boa indicação.
Fico pensativo por uns momentos.
- Bom... Não tenho onde ir, por isso acho que posso aceitar o convite, mas não quero incomodar.
- Ora essa, não incomoda nada. Até já.
O par sai, e eu fico satisfeito por me sentir convidado. Há mais de uma semana que tudo o que sentia era rejeição.

3 comentário(s):

Unknown disse...

Bem... Voltaste dos mortos, rapaz.
Estou interessado em saber como o Matt e o Ivo vão ficar.

Max disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Ah, Lobo Solitário, sim, voltei dos mortos. Fiquei com vontade de regressar a estas histórias :P Quanto ao matt e ao Ivo, para saberes como eles ficam, não percas o próximo episódio, porque nós, também não! ;)

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