sábado, 28 de maio de 2011

A Rosa Negra - Capítulo 5

Traída
Olho de novo para o indicador do tanque de gasolina. Estou quase a ficar sem combustível. Observo a paisagem que passa depressa. A estrada, finalmente, cruza-se com uma via rápida. Leio uma placa. Rejubilo ao reconhecer o nome de uma das localidades. A partir daquele local, sei ir até à sede da Scotland Yard. Agora acelero ainda mais, sentido a  respiração aumentar de ansiedade. Apanha-me de surpresa. O embate sem aviso agitou o carro por todos os lados. Pouco depois, voo pela berma. O meu carro está a virar-se de rodas para o ar. Um jipe continua a embater violentamente no meu veículo. Algo no meu peito me diz que é ele. Quando finalmente o meu carro para. Solto o sinto de segurança. Sinto a minha perna ferida e o meu pulso torcido latejarem. Rastejo para a parte de trás do carro virado do avesso. Vejo os seus pés caminharem em direção à porta do condutor. Ele abre-a. Eu saio pela porta de trás e corro o mais que posso em direção ao jipe, que tem as portas fechadas. Abro a porta, e rejubilo ao ver que ele deixara as chaves na ignição. Ah! Pensas que eu não sou dura?! Que me ias conseguir matar assim?! Não, meu caro! Estás a lutar contra uma mulher com treino militar. Ele corre na direção do jipe. O meu pé pisa o acelerador e o carro obedece instantaneamente, quase levando-o à frente. Olho para ele, fazendo uma careta de vitória, e volto a olhar em frente. A estada parece-me prometedora.

Chego já de noite à sede. A primeira pessoa que vejo é Frederic Gale, um dos novatos. Ele fica surpreendido ao ver-me ali. A sua mão moveu-se suspeitosamente para o seu coldre.
- Miss Stanley... - Chamou. - Não se mexa...
- O quê? - Perguntei, indignada. - Eu acabei de escapar ao Assassino da Rosa Negra! O únic sítio onde estou segura é aí dentro.
Ele aponta-me a arma.
- Que quer dizer? Temos provas de que a senhor é a Assassina...
Eu olho para ele, embasbacada.
- Só podes estar a brincar comigo, miúdo!
- Nós revistámos a sua casa... Encontrámos o resto do papel que a ex-marine tinha no bolso em sua casa...
- Mas eu nunca vi aquela mulher na minha vid... -Sinto o meu peito colapsar. - Oh meu deus... Ele esteve em minha casa...
Dou um passo em frente e oiço o clique da arma de Frederic.
- Eu não te vou fazer mal... Fui incriminada.
Mostro-lhe a perna. Ele olha para mim, indeciso.
- Achas mesmo que se eu fosse o assassino ia deixar em minha casa algo que me ligasse à vítima? E aposto que receberam um telefonema anónimo a darem-vos um empurrãozinho na minha direção...
Ele ergue uma sobrancelha.
- Bem me parecia. - Digo, arrastando-me até ao acento.
- Karen, põe as tuas mãos onde eu as possa ver... - Diz uma voz conhecida.
- Kyle... Também tu? - Pergunto, desiludida.
- Desculpa, tenho de seguir as leis. - ele aponta com a cabeça em direção às traseiras, onde ficam as celas.
Caminho para dentro de uma das celas. Nunca pensei ver as barras metálicas daquele lado...
- Não devias ter voltado aqui, querida...
Algo no meu âmago gelou. Aquela entoação daquela palavra, já a tinha ouvido antes. AS minhas suspeitas são confirmadas. Um toque de telefone. Aquele toque. O toque que eu ouvira antes de o Assassino atender.
- Cabrão! És tu! - Exclamei.
Ele pegou no telefone. Alguém falou. Ele acenou.
- Tenho de ir. Até logo, querida... - Despede-se, tal como o assassino fizera.
- Marshall, não vais sair impune disto! - Grito enraivecida.
Sinto o peso do mundo cair-me sobre os ombros. Estou a ser acusada de crimes atrozes que não cometi, e o meu colega, o meu parceiro, era o verdadeiro autor daqueles crimes. Faz sentido. Um polícia teria fácil acesso à minha morada. Ele podia muito bem ter-me tirado as chaves de casa quando me capturara. Só um polícia saberia que provas procuraria para não as deixar para trás e desvanecer-se como um fantasma. E afinal, que sabia eu de Marshall? Nada. Apenas que ele tinha começado a trabalhar comigo pouco depois de a ex-marine, a última vítima do Assassino da Rosa Negra, ter sido encontrada. Fazia sentido. Ele estava a assistir de perto à investigação, aos meus movimentos. E se eu, tal como ele, era uma polícia, então também eu poderia ser a Assassina.

Passaram meses. Enfrentei hoje o julgamento. Declararam-me culpada e sentenciaram-me a prisão perpétua. olho desgostosa para Marshall. Ele havia plantado todas as provas. Provavelmente teria guiado os polícias até à casa. Era uma das provas que haviam usado: O corpo de Tania, com uma bala da minha arma. As minhas impressões digitais na casa. Sangue das vítimas seco dentro da casa. Tinham um caso sólido contra mim. E agora, estou prestes a cumprir a pena de um assassino. Mas as coisas não vão ficar assim...

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