segunda-feira, 28 de março de 2011

A Minha Melodia - Capítulo 9

Era o último dias de aulas. A grande maioria das pessoas estava no exterior, em actividades extra-curriculares, ou a organizar uma festa de natal. Escapuli-me para o auditório como sempre costumava fazer. Desta vez chegou-me aos ouvidos o som de piano, e de alguém cantar. Abri a porta lentamente. 
Unspoken, in silence. Let's stay here tonight, there's no reason to ask me, 'cause you know what's inside. Don't worry now, seasons will change. Forgive my mouth, not letting you walk away
Era o Daniel. Estava a cantar uma das minhas músicas preferidas. Acompanhei-o no refrão. 
Take your love, bring it back, bring it back. Think before you leave. I forgot what love is, bring it back. Tell me that you believe what fate's been telling me
Quando a canção acabou, ele olhou para mim, desviando o olhar de seguida para o chão.
- Vejo que andaste a trabalhar nas canções que exprimem o que sentes... - comentei. 
- sabes... Já há muito tempo que não faço algo que ninguém sabe que gosto de fazer... - Contou. 
- E que é que gostas de fazer que já não fazes há muito? - Perguntei curioso. 
- Mmm... - hesitou - É difícil admitir isso, mas gosto de te ouvir cantar... 
Encolhi a cabeça para trás, surpreendido com aquela frase. Ele olhou-me com os seus olhos verdes perfurantes. Estremeci, quando senti o meu coração parar. Gaguejei, perguntando se ele estava a falar a sério.
- Claro. 
Olhei para a guitarra que estava encostada ao piano. Peguei nela e comecei a tocar uns acordes. 
- I wake up, put my poker face on. It's roughly the same hand I was dealt yesterday. I stand up and stare out at the skyline. It's roughly the same town that I saw yesterday. Living doesn't come first try, It takes a lifetime getting it right. It takes a lifetime to learn how to sing, to find my place in the world's symphony, to become the man today, he man I thought I could be. It takes a lifetime, It takes a lifetime.
Ele ficou a ouvir, sem se mexer. Quando terminei, ele aproximou-se.
- Tenho de te agradecer... - disse. 
- Pelo quê? - interroguei. 
- Por me teres mostrado como a tua perspectiva do mundo da música é tão diferente da minha... 
Ele estava mais perto de mim do que jamais estivera. Sentia o meu coração bater acelerado. Ele olhou para mim. Parecia confuso. 
- Que se passa? - Perguntei a medo. 
- Oh nada. Nada. 
- Estás a tentar convencer-me a mim ou a ti próprio que não se passa nada? - Interroguei. 
- Pára com isso! - Exclamou, irritado. 
- Com o que? - Repliquei, confuso com a sua mudança de atitude. 
- Com isso que fazes, de me entender, de saberes o que pensas de não me saires do pensamento! - Gritou, saindo de rompante do auditório. 
Eu fiquei ali parado, de boca escancarada, a olhar para o meu reflexo no piano. O reflexo de Quica aparecu junto ao meu. 
- O que foi aquilo? - perguntou, tão estupefacta como eu. 
- Isso é o que gostava de saber... - comentei. 
- Ele acabou de dizer que não lhe saías do pensamento... - repetiu ela. 
- Eu... Eu sei... É melhor ir falar com ele. - disse, saltando do banco e caminhando para a porta. 

Encontrei-o num parque que havia ali perto. Estava sentado, pensativo, num banco escondido por trás de uns arbustos. Sentei-me ao seu lado em silêncio. 
- Desculpa... Pelo que quer que eu tenha feito de que não gostaste... - Comecei. 
- Não... Desculpa eu, por te ter dito aquilo... Eu não te devia ter sito o que disse... 
- Porque era ofensivo ou porque não querias que eu soubesses o que tu sentes? - Interroguei. 
Ele sorriu, melancolicamente. 
- ahhh... Um pouco dos dois... Eu estou confuso, Martim... - Confessou. - Eu nunca me tinha sentido assim por ninguém... Muito menos por outro rapaz... 
Peguei-lhe na mão com as minhas. Ele olhou para mim, com uma expressão triste. Percorri o seu braço com a minha mão direita, acariciando-lhe a cara. Aproximei a minha cara da dele. Os seus olhos fecharam-se. Pude sentir a sua respiração leve e acelerada. Os nossos lábios tocaram-se, primeiro suavemente, depois com carinho e desejo. As nossas bocas abriram-se ligeiramente, em simultâneo. Os meus sentidos ameaçaram falhar quando as nossas línguas se tocaram, consumando o nosso primeiro beijo.

2 comentário(s):

Lobo Solitário disse...

YUUUPIII estou tão contente por finalmente o Martim ter quebrado o gelo!

Ragdoll disse...

haha mas as coisas ainda não acabam por aqui ;p Keep following :P

Enviar um comentário