Seis meses haviam passado desde a chegada de Luís Afonso, e Sebastião continuava ainda com ideias de batalhar nas terras desérticas africanas dominadas pelos mouros. Luís Afonso, no meio de tanto desespero, procurava pela cidade aliados para o ajudarem a demover o jovem rei. Um dia, divagando pelos corredores do Palácio, ouviu alguém murmurar na biblioteca.
- Mas Henriqueta, ninguém pode saber o que me contaste! – Dizia a voz de Carlos Jorge.
- Eu sei, Carlinhos, eu sei. Se soubessem que sois familiar do rei, poderão difamar-vos, pensar que quereis roubar o trono…
- Exactamente, por isso mesmo, não reveleis a ninguém que sou meio-irmão de Sebastião... Como soubestes disto, Henriqueta?
- Ora, minha mãe, que é também a sua, contou-me que depois de ter estado no leito do príncipe D. João, ficou de esperanças. E nasceu um filho varão… O senhor Carlinhos… Ela contou ao príncipe, que inventou a história de que vós éreis filho de magnatas ricos, com boas relações com a família real…
- E a mãe de D. Sebastião…?
- A Princesa D. Joana nunca soube, seria um desgosto muito grande…
Finalmente, eles aperceberam-se da presença de Luís Afonso.
- Deveríeis ter mais cuidado com essas línguas, que neste palácio as difamações correm depressa… Tendes sorte em ter sido eu o único a ouvir o que acabastes de dizer… - Comentou o banqueiro.
- Cristo! Estais aí há muito tempo, Afonso? – Interrogou Carlos.
- O suficiente para saber quais são as suas misteriosas origens, meu caro Carlos…
- Estou desgraçado… Se por acaso se sabe que eu sou bastardo… Será que Sebastião sabe disto? – Perguntou Carlos.
- Não, não sabe… O príncipe D. João faleceu pouco antes do nascimento de Sebastião… Por essa altura já tínheis vós uns meses, Carlos. – Esclareceu Henriqueta. – A minha mãe fizera-me prometer que não contaria a ninguém se não a si… E como D. Joana não sabia, ela não poderia ter contado ao reizinho…
- Carlos… Acho que estou a ter uma ideia… - Murmurou Afonso. – Já tentámos pôr alguma razão na cabeça de Sebastião, mas não conseguimos fazê-lo parar com as ideias expansionistas… Talvez se ele tiver medo de perder o trono, o possamos demover…
- Como assim, planeais traição! – Interrogou Henriqueta, indignada.
- Não, sou bom amigo do Rei, como sabeis, sempre me dei bem com Sebastião. Mas se o fizermos acreditar que o povo está contra um rei que se quer ausentar, e prefere um rei que, para além de ser de linhagem directa, apesar de bastardo, promete ficar ao lado de seu povo e não tomar riscos desnecessários, talvez ele desista da demanda…
- Isso é arriscado! – Comentou Carlos. – Ainda vamos parar à forca…
- Sebastião é demasiado nosso amigo para crer que lhe queremos mal. – Tranquilizou Luís Afonso. – Mas precisarei da vossa ajuda, meus caros…
Henriqueta e Carlos entreolharam-se, pensativamente. Finalmente, Carlos suspirou, concedendo a sua ajuda. Henriqueta revirou os olhos e também concordou em fazer parte do plano, embora relutantemente.
1 comentário(s):
adoro isto de actualizações diárias! as outras histórias demoram sempre tanto para actualizar... alguns meses às vezes, outras vezes anos.. D:
(shame on me. eu faço o mesmo! XD)
oh não carlos! diz-me que não vais fazer o que eu estou a pensar que vais fazer.
(por outro lado, faz, que é giro! :D)
uma óptima actualização, só quero é saber como é que eles vão conseguir fazer o rei ficar em Portugal!
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