Os meus pais ficaram abrigados a um canto. O palco era tal e qual como eles o tinham descrito: improvisado com mesas e algumas cadeiras. O público era constituído maioritariamente por alunos. Uma rapariga de cabelos cor de areia subiu ao palco. Reconheci-a como sento Isabelle, a filha de uma antiga adversária de Daniel. Ela pegou no microfone com uma expressão determinada, e incentivou um rapaz a ligar as colunas. Mas algo aconteceu ao público. Já estavam ansiosos, mas as cabeças começaram a virar-se para trás, e uma onda de energia atravessou o público sob a forma de gritos histéricos, principalmente femininos. Isabelle ficou nervosa e desceu do palco, logo a seguir a uma figura encapuçada com óculos de sol ter subido lá para cima. Ele tirou os óculos, desvendando a sua identidade: Xavier Van Lars, um cantor português, com descendência alemã, muito popular entre os jovens. Eu? Bom, nunca o tinha ouvido cantar, por isso não podia dizer se gostaria ou não de cantar.
- Uou! Eu não acredito que ele está aqui! – Exclamou Beat, revoltado. – Ele não sabe fazer música!
- Não? Mas ele é popular… - comentei.
- Sim… Mas a música dele é vazia. – Afirmou.
- oh… Nem todos lhe sabem dar vida. – Concordei. - Mas talvez ele se safe bem...
Beat e eu tínhamos desenvolvido um termo para o tipo de música comercial, que alguns cantores fazem só para ganhar dinheiro, música que não serve para transmitir emoções, apenas para lucrar, música vazia, portanto. Por outro lado, musica com vida, entre nós, era um código para música que realmente tinha sentido e que transmitia sentimentos do cantor ou da pessoa que a escrevera e que era feita primeiramente por diversão.
- Olááááá. – Gritou um rapaz ao microfone. Era Aaron, o companheiro no negócio da música de Xavier. – Como estão?! Oiçam, hoje o meu bro, vai cantar uma música para vocês… Não é dele, mas com certeza que a conhecem! E que caia o pano, para entrar a estrela.
A batida começou, e pouco depois, Xavier começou a cantar.
Steam in the subway, earth is a afire
Do do do do do do do dodo dododo dodo
Woman, you want me, give me a sign
And catch my breathing even closer behind
Do do do do do do do dodo dododo dodo
In touch with the ground
I'm on the hunt I'm after you
Smell like I sound, I'm lost in a crowd
And I'm hungry like the wolf
Straddle the line in discord and rhyme
I'm on the hunt I'm after you
Mouth is alive with juices like wine
And I'm hungry like the wolf
O público recebeu a música de braços abertos, acompanhando o ritmo. Eu e Beat apenas assistíamos, letárgicos. Quando a música chegou ao fim, Beat olhou para mim.
- Eu não aguento esta tortura!!! Vou salvá-los desta maldição! – Exclamou, começando a correr.
Beat não era muito fã de Rock... O meu coração queria cair-me aos pés quando me apercebi para onde ele estava a correr.. Eu não queria acreditar que ele estava mesmo a ir para cima do palco! Tropecei. Espera?! O Gonçalo estava a arrastar-me com ele?!
- Hei, o que é que estás a fazer?! – Perguntei.
- Ora, eu sou o Beat, tu és a Voice, vais cantar.
- O quê?!
- Welcome to the club, ora essa!
Sorri. Já tinha um microfone numa mão, quando ele chegou perto da caixa de mistura. A batida começou. Eu sempre achara aquela música contagiante. Pelo canto do olho vi os meus pais acenarem para me encorajarem.
You're ready for the night
Of your life
Stars will shine so bright
They say
We're dancing the stress away-a-ay
This beat
Is underneath your feet
Right now
Together we will meet
This place
Will blow your mind away-a-ay
Welcome to the club now
Gonna pump it up now
This is an emergency
Music is my galaxy
Welcome to the club now
Everybody is up now
We've gotta going on
Until the break of dawn
So put the record on!
O público vibrava ao som da música, dançando como se estivessem numa discoteca e eu deixei-me levar pela sua energia, rodopiando, saltando, correndo. Cheguei ao fim da música quase sem fôlego, e recebi um aplauso ensurdecedor.
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