Contorço-me dentro do casaco, tentando sentir-me confortável. Nop, é impossível sentir-me confortável nas roupas que nunca uso.
- Como é que consegues sobreviver a estes fatos dias inteiros?
- Fácil, tenho a tua irmã para mos tirar quando chego a casa… - Responde, num tom atrevido.
- Iác!! – Faço uma cara de enjoado. – Não preciso de pormenores da vossa vida sexual, para já por aí.
- Também não contava dar-te mais pormenores, Petit Ric. – Ri-se, tratando-me pela alcunha que me dera quando me conhecera.
Todos sabem que é uma alcunha sarcástica, já que eu sou quase cinco centímetros mais alto do que Pierre.
- Como estou?
- Como sempre estás, anda lá! – Exclama.
Corro atrás dele. Daí a pouco tempo, estamos de novo nos assentos forrados a pele do seu BMW de luxo. Dez minutos depois, avisto a casa que costumo chamar La Grande Maison. Os meus pais tinham que viver na maior casa que haviam comprado, no arredores de Paris… Eles adoram demonstrar que têm dinheiro. Pior, eles são escravos das aparências. A minha mãe está sempre à caça de mexericos para difamar as vizinhas e o meu pai só se interessa por golfe e fazer negócios que lhe dêem mais dinheiro, no mundo dos imobiliários.
Corro pelo caminho coberto de azulejos de mármore, passo por entre as duas colunas enormes em frente à porta rodeada por janelas panorâmicas e entro, dando o meu casaco a uma das empregadas. Observo-a por dois segundos. É nova… a Mariette deve ter sido despedida por causa dos seus problemas com o álcool… Caminho rapidamente até à sala de jantar. Vivi já lá está. Ela olha par o relógio e depois para mim, sorrindo, para esconder a sua cara de repreensão.
- Papá, mamã! – Exclamo, carinhosamente. Urgh, carinho falso se queres que te diga…
Não é que eu os odeie, até porque foram eles que me trouxeram ao mundo, só não gostos de certas atitudes que eles têm. Como esta de serem demasiado controladores.
- Porque é que cheiras a fritos, filho? – Pergunta a mamã.
- Oh, a fritos? – Bolas, porque é que não pedi o perfume emprestado ao Pierre?! – Acabei de vir de um almoço… tive de ir à cozinha cumprimentar o chef. A comida estava deliciosa…
Ora bem, ao menos a minha desculpa não parecia assim tão furada… Pois, esqueci-me do pormenor que o meu pai sabe sempre quando eu estou a mentir. E a Vivi também. Parece que é algo que faço com as sobrancelhas? A minha irmã diz que sempre que estou a mentira, os meus olhos abrem-se imenso e ergo tanto as sobrancelhas que quase parece que elas querem fugir para trás da cabeça… Exagero!
- Estás a mentir. – Corta o meu pai.
- Estou aqui, papá, isso é que interessa… - Digo, tentando desviar o assunto.
- E onde estiveste antes? – Pressiona.
- Bom… Estive na cozinha… de um restaurante… Estou a trabalhar como cozinheiro.
A minha mãe aspira o ar rapidamente, num “oh” dramatizado. Leva as mãos à boca e afasta-se.
- Cozinheiro?! Um homem a sério não pertence à cozinha! – Repreende.
- Os Chefs mais famosos e conceituados são homens! – Argumento.
- Não são homens a sério! Vais demitir-te desse emprego!
- Ou senão o quê? – Desafio.
- Ou senão vais mesmo precisar de um emprego, porque te corto do testamento e das contas.
Adivinha lá… Fui deserdado. Sim, acabo a dizer ao meu pai que prefiro assim, até é mais uma motivação para trabalhar com mais afinco e saio da Grande Maison. Naquele dia, realmente acreditava que nunca mais voltaria a ver aquela casa.
2 comentário(s):
revolta-te, é isso! \o
aparte disso, esta parte da história faz-me lembrar a parte de harry potter em que contam a história do sirius, de sair de casa e desafiar os pais... também, a mim tudo me lembra harry potter... me gusta :3
x) me gusta harry potter también :3 xD Mas por acaso isto não foi escrito a pensar na história do Sirius, mas agora que falas nisso... XD
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