Aproximei-me de Xavier, ao fim de alguns dias de tentativas falhadas. Finalmente, encontrara-o sozinho. Assim que o chamei, ele revirou os olhos.
- Que queres? – Disse, bruscamente.
- Perceber o que se passou! – Afirmei. – Primeiro beijas-me e depois sais daquela forma?!
Poucos momentos antes de terminar a frase, ele já me tinha encostado a uma parede. O seu braço prendia-me o pescoço. O meu coração batia acelerado.
- Nunca mais menciones isso. – Rosnou.
- Porquê? - Perguntei.
- Porque aquilo não significou nada. – Respondeu.
- Então para quê isto tudo? – Interroguei, apontando para o braço que ainda me prendia.
Ele ergueu a mão. Decidi que já chegava. Ergui o meu joelho com a força toda e o seu movimento parou, repentinamente, como se eu tivesse carregado no botão “pausa”. A força que me prendia afrouxou, e o sangue subiu-lhe à cara que ficou vermelha. Caiu no chão, com as mãos entre as pernas, ganindo.
- Até estava a achar aquela posição sexy, mas depois tentaste dar-me um soco…Não te atrevas sequer a voltar a tocar-me dessa forma! – Sibilei.
Dei meia volta e dirigi-me ao auditório. Beat olhou para mim, estranhando a minha demora.
- Encontraste-te com ele? – Perguntou.
- sim.
- E então?
- Ele vai senti dores o resto do dia. – Disse. – ele prendeu-me à parede. Apliquei-lhe o golpo do joelho.
A cara de Beat contorceu-se de dor.
- Cristo, até tenho pena do rapaz… - Comentou, rindo.
- Olá, rapazes. – Cumprimentou uma rapariga.
- Olá, Nádia. – Respondemos em uníssono.
Nádia era uma rapariga amigável e energética. Desde que eu entrara para o clube, que ela se tinha começado a dar imenso comigo e com Beat. Nós adorávamos a sua companhia, pois fazia-nos sempre rir. Mas nunca a tínhamos ouvido cantar.
- Outra vez com essa conversa? – Perguntou. – Eu não vou cantar.
- Então porque estás aqui? – Perguntámos.
- Para ter a certeza que não estou na mesma equipa que a minha meia-irmã.
Estremecemos ao relembrar-nos da atuação de Catarina, antes de desafiar os meus pais a subir ao palco. Catarina e Nádia davam-se muito mal, principalmente porque tinham o mesmo pai e mães diferentes.
Entretanto, Xavier apareceu a cambalear e olhou-me furioso.
- O que foi aquilo? – Interrogou Nádia, curiosa, pegando-me na mão.
- Aplicou-lhe o golpe do joelho. – Informou Beat, arrepiando-se.
- Aquele que me ensinaste? – Interrogou ela.
- Sim.
- Auch… - Disse, jocosamente, com um sorriso aberto e fitando Xavier. – Isso merece uma celebração!
Ela correu para cima do palco, colocando um CD. Eu e Beat entreolhamo-nos, com olhos brilhantes de excitação. Finalmente iríamos ouvi-la cantar!
- Sweet Sacrifice
Todos se ergueram aplaudindo aquela artista. Ela fez uma vénia e voltou para ao pé de nós.
- Tu és… uau! – Exclamei.
- Parva por esconderes esse talento! – Criticou Beat.
- Tu tens de participar no Duelo de final de ano! – Comentei, abraçando-a para a felicitar.
Xavier passou por nós no passo mais firme que as dores lhe permitiam, provocando-nos algum riso.
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