Olhei para Xavier. Ele parecia nervoso. Estávamos sozinhos, no auditório, duas semanas depois de a mãe dele ter ido parar ao hospital. Felizmente, ela recuperara e estava de novo no activo.
- Espero que isto te ajude a compreender o que se passa, o que eu sinto… - Comentei, pegando na guitarra. – Esta música reflecte muito bem isso…
Passei as mãos pelas cordas, sentindo-as vibrar, soltando um som harmonioso. Finalmente, comecei a tocar e a cantar.
My heart takes off on a high speed chase
Now don't be scared, it's only love
Baby, that we're falling in
I can't wait to tomorrow
This feeling has swallowed me whole
And know that I've lost control
This heart that I've followed
Has left me so hollow
That was then
This is now
Yeah you have changed everything
Everytime I see your face
My heart takes off on a high speed chase
Now don't be scared, it's only love
That we're falling in
Now don't be scared, it's only love
Baby, that we're falling in
I can't wait to tomorrow
This feeling has swallowed me whole
And know that I've lost control
This heart that I've followed
Has left me so hollow
That was then
This is now
Yeah you have changed everything
Everytime I see your face
My heart takes off on a high speed chase
Now don't be scared, it's only love
That we're falling in
No final ele sorriu-me, agradecendo-me.
- Acho que sim… Que compreendo o que queres dizer… - Afirmou.
Inclinou-se para a frente beijando-me. Acariciei-lhe a cara.
- Tudo bem, mas leva o teu tempo… Não te quero pressionar… - Disse eu, olhado para a guitarra.
A madeira envernizada refletia-nos, como que gravando aquela cena nas nossas memórias. Ele passou a sua mão pelo meu ombro, depois pelo meu braço e aproximou o seu corpo do meu. Beijou-me novamente, e depois passou os seus lábios pelo meu pescoço, mordiscou-me levemente a orelha e sussurrou-me sedutoramente ao ouvido:
- Quero-te tanto…
Afastei um pouco a cabeça dele com a mão, e beijei-lhe os lábios vermelhos e quentes.
- Mas só vais ter mais do que os beijos quando te assumires… - Respondi.
- Porquê? – Perguntou.
- Porque aí terei a certeza que me amas e que não estás a fazer isto apenas pelo sexo. – Repliquei, pousando a guitarra no seu colo e saindo do auditório.
- Ele fez o quê?! – Exclamou Martim, depois de eu lhe ter contado o que se passara.
- Relaxa, pai, não passou de um momento mais… Picante. – Afirmei, sorrindo.
- Picante?! Erótico! Demasiado para o meu gosto! – Criticou Daniel.
- Credo, já não sou uma criança, e não é como se vocês nunca tivessem tido relações! – Defendi-me, levantando-me da mesa e guardando a loiça na máquina de lavar.
- Hei, mas isso não quer dizer que já estejas pronto! – Comentou Martim. – Tem cuidado, não sabes se ele só te quer fisicamente.
- Pois, com essas coisas não se brinca… - Corroborou Daniel. – Já agora… Filho… Tu já alguma vez…
Olhei espantado para os meus pais. Martim cruzara os braços e Daniel apertava as mãos uma na outra, entrelaçando os seus dedos uns nos ouros, num gesto claramente nervoso.
- Uooou! Demasiado à frente, não acham?! Eu também não vos pergunto quando foi a última vez que estiveram no bem bom, aliás, pai, - disse, dirigindo-me a Martim. – nem preciso, com os teus gemidos tão altos sei sempre quando está a acontecer a revolução.
Eles entreolharam-se de boca aberta e fulminaram-me com um olhar. As suas faces tinham corado de vergonha e eu não consegui evitar sorrir, saindo de casa, em direcção à Academia.
- Tu disseste-lhes mesmo isso? – Perguntou Beat, incrédulo, ao saber do que se passara nessa manhã, ao pequeno-almoço.
- Hei, tinha de me esquivar do assunto… - Disse.
- Mas espera… Tu já…
- Sim. – Cortei, revirando os olhos.
- Com quem?! – Perguntou ele.
- Vera Santos e Frederico Colares, no oitavo ano, na festa de passagem de ano. – Desvendei, sentando-me num dos bancos de jardim do pátio interior da Academia.
- oh, com eles? Mas eles não eram um casal?
- E são. – Confirmei.
- Então, como é que… Espera… Foi com um de cada vez, certo? – Interrogou, erguendo uma sobrancelha.
- Errado. Foi com os dois ao mesmo tempo. Eles queriam uma trisome. E eu também. Porque não?
- Meu filho da mãe! – Exclamou. – És mais promíscuo do que eu pensava!
- Na verdade, sou filho dos pais. – Comentei a rir. – E além disso, foi daquela vez em que bebi champanhe a mais, lembras-te?
- Oh, quando perdeste o controlo sim… Espera! Eu fui-te buscar! Eu apareci lá na festa depois de tu e eles terem estado…
- Sim… Mas se isso te acalma, não me lembro de quase nada do que aconteceu. – Tranquilizei.
- Não sei não… Do que é que te lembras?
- Ela tem uma língua hábil… - Murmurei, olhando pensativo para o céu.
- Que porco! – Criticou, dando-me com o livro no ombro. – Vou mas é para a aula!
Ri-me da situação, enquanto me relembrava daquele momento glorioso na passagem de ano.
1 comentário(s):
Este capitulo arrancou-me umas boas gargalhadas.
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