- Eu não acredito que isto está mesmo a acontecer! – Exclamou Carlos.
Correu pelo convés do navio, procurando por Luís Afonso.
- Estou aqui, estou aqui! – Respondeu ele aos chamamentos do jovem. – Estamos quase a pôr pé em África… Mas que ideia foi a minha de me enfiar neste barco maldito?!
- Ora, até à batalha ainda temos tempo de demover o rei. – Comentou Carlos.
- Já começo a duvidar que as medidas desesperadas nos vão ajudar! – Reclamou o banqueiro.
Uma onda abanou o navio, desequilibrando Afonso, que se segurou ao seu companheiro.
- Nunca me habituei a isto… - Comentou.
- A segurar-me ou a andar de barco? – Perguntou Carlos.
- Oh, percebestes o que eu queria dizer… - Sorriu Luís Afonso.
Finalmente, avistaram a terra desértica do norte de África. No barco à sua frente, podiam imaginar o rei Sebastião a observar o continente que tão fervorosamente ele queria conquistar. Assim que os Barcos atracaram no porto de Ceuta, o movimento geral instalou-se. Encontrou-se deram-se às centenas, enquanto se organizavam mantimentos e se punha o exército em ordem. Carlos e Afonso observavam os soldados de armadura reluzente e pensavam na quantidade deles que poderia morrer na batalha ou sair dela com o metal manchado de sangue. Era a primeira batalha a que eles assistiam e esperavam que fosse a última.
O rei cabeceava o exército nas batalhas que antecederam a de Alcácer-Quibir. Quando finalmente Sebastião decidiu marchar sobre esta cidade, Afonso e Carlos já haviam desistido de o demover.
Após os gritos de guerra, o troar de canhões fez-se ouvir. A confusão instalou-se. Os dois jovens observavam à distância a batalha caótica. O sangue manchava o chão, os cavalos assustados dificilmente obedeciam às ordens dos seus cavaleiros e uma nuvem negra pairava sobre o campo de batalha.
- Deus ajude os Portugueses… - Suplicou Carlos, benzendo-se.
- Tenho um terrível pressentimento acerca desta batalha… - Comentou o banqueiro.
Ouviram o trotar de cavalos atrás de si. Quando se viraram, os seus corações pararam. Os mouros estavam a tentar flanquear o exército Português! Os dois jovens tentaram correr para longe do alcance dos cavaleiros em fúria. Uma rocha serviu-lhes de abrigo temporário. Sem dar por ela, a batalha estava cada vez mais próxima daquela colina.
- Temos de sair daqui! – Exclamou Afonso. – Os exércitos estão a ficar mais perto!
Carlos obedeceu, regendo-se. Um dos cavaleiros mouros que passara por eles detectou-os.
- Oh, corre, corre, corre! - Gritou Carlos.
Tentaram acelerar o mais que podiam. Os cascos do cavalo troavam no chão, como que contando os segundos para o fim. Ouviram o mouro desembainhar a espada. O metal sibilou no ar, e Afonso ouviu o som de carne ser esquartejada pela lâmina afiada. Atirou-se para o chão. Não sentia dor, apenas uns salpicos quentes na sua cara. Passou a mão pelos olhos. Ficara vermelha de sangue. Olhou para o lado. No chão, de boca escancarada e olhos abertos sem vida, jazia Carlos. Um corte limpo atravessava-lhe as costas e uma lágrima de dor ainda lhe caia de um dos olhos, escorrendo pela cara congelada no tempo.
3 comentário(s):
NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
;___________________________;
i have no more words to say how angry i am at you for killing him ;_;
*soluça*
Fogo, nem acredito.
Sorry... I had to... Se o herdeiro não morresse na batalha, as consequências seriam esmagadoras e eu teria que reescrever a história de Portugal por inteiro... X)Mas isso não significa que me tenha agradado...
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