- Tendes noção do que me dizeis, Luís Afonso! – Exclamou o rei.
- Sim, alteza… Mas se vós deixardes para trás esta ideia suicida, talvez o povo deixe de preferir o outro herdeiro…
- Chamem o Carlos Jorge de Avis, já! – Ordenou Sebastião, já vermelho de raiva.
O coração de Luís acelerou.
- Porque quereis que ele esteja presente, majestade? – Interrogou.
- Porque ele é o filho bastardo de meu pai!
Luís Afonso sentiu as pernas fraquejar e um nó formar-se no seu estômago.
- Tendes a certeza?
- Sim, foi a mãe dele que me contou, pouco antes de falecer!
Um criado apareceu acompanhado de Henriqueta e de Carlos Jorge. Ambos pareciam assustados.
- Convocastes-me, alteza? – Perguntou o jovem, a medo.
- Sim. Luís Afonso contou-me que o povo apoia um bastardo e não o seu rei legítimo. Acaso sabeis quais as vossas verdadeiras origens?
- Majestade… - Começou.
- E espero que não me mintais! – Trovejou o Rei.
- Sim, senhor, sei quais as minhas origens… e tenho-o sabido desde há um mês para cá.
- E dissestes isso ao povo?! – Interrogou.
- Obviamente que não, pois não ganharia nada com isso.
- Amanhã parto para África e não quero que o meu reino me vire as costas enquanto estiver fora! – Comentou o rei. – Devia condenar-vos por traição!
O Cardeal D. Henrique moveu-se, por trás do trono.
- Sebastião, meu filho, tal não é necessário. Estes dois jovens estão apenas a tentar salvar-vos a vida.
- Que dizeis, tio?
- Eles queriam demover-vos de ir para África. Todos temos um mau pressentimento acerca de tal viagem e tememos que não volteis vivo dessas terras de além-mar. Por isso inventaram esta história de o povo estar a favor de Carlos… São boas intenções, e eu próprio conhecia o plano.
Sebastião observou a sala.
- Retirai-vos, que quero falar com meu tio a sós.
Luís Afonso encontrou Carlos a tratar do cavalo que nascera alguns meses antes, nos estábulos do palácio. Assim que o viu, suspirou de alívio. Carlos olhou-o, corando. Luís Afonso aproximou-se e tirou-lhe a escova que ele tinha na mão, segurando-o pela cintura e fechando os olhos e encostando a sua testa à de Carlos.
- Temi tanto por vós… - Murmurou Afonso.
- A sério…? – Gaguejou Carlos.
Afonso olhou em volta, verificando se estavam sozinhos.
- Sim… na minha cabeça, apenas dizia que era pecado amar outro homem como eu, mas o meu coração é mais forte, e quase parou quando Sebastião vos ameaçou de morte… Se é pecado, então que Deus me mande para o Inferno, que me tornarei mártir a sofrer uma eternidade por ter seguido o amor de que ele tanto fala nas escrituras…
- Porque não vos calais e apenas me beijais?! – Interrogou Carlos, aproximando a sua cara ainda mais da de Afonso.
Os seus lábios voltaram a tocar-se, apaixonadamente. As suas línguas acariciavam-se mutuamente, passando pelos lábios um do outro, expressando o amor que sentiam naquele momento. As mãos de Afonso percorreram o colete de Carlos, desapertando-o, enquanto as de Carlos percorriam as costas de Luís Afonso e lhe passavam pelo seu negro cabelo macio.
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LINDO LINDO!
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