- Não acredito! O que é que eles estão aqui a fazer?! – Exclamei, numa voz esganiçada, escondendo-me atrás de um poste e virando o Beat na direcção que eu acabara de ver.
- Quem…? – Perguntou, desnorteado.
- Eles! – Respondi, apontando para duas figuras altas, que passavam o portão da academia naquele momento.
- Oh… Qual é o problema de estarem aqui…? – Interrogou. – Oooohhh… Espera, tu não tinhas vergonha deles… Pelo menos não desde que andamos juntos na escola… E isso dura há séculos…
Estreitei os meus olhos em jeito de repreensão e puxo-o para trás do poste. Realmente, eu conhecia o Beat desde sempre. O seu nome verdadeiro é Gonçalo, mas todos o tratam por Beat por causa do seu talento com música electrónica.
- Não acredito que te estavas a esconder de nós, Hugo… - Disse uma voz familiar.
- E…Eu…uu? – Gaguejei, virando-me lentamente para a direita.
- Sim, tu. – Afirma.
- Pai, o que é que estás aqui a fazer? – Pergunto. – Tens noção que vocês não podem andar na rua sem que vos reconheçam?
Era uma crítica directa aos óculos de sol que lhe tapavam os olhos castanhos. Ele passou a mão nervosamente pelo cabelo castanho. Alguém apareceu por trás dele. Os cabelos loiros do homem não deixavam nenhuma dúvida sobre quem era.
- Pai, tu ainda por cima não trazes nenhum boné a esconder o teu cabelo lustroso! – Disse, sadicamente.
- Urgh, tens noção do quanto me baralhas quando os tratas aos dois por “pai”? Nunca sei para qual deles estás a falar… - Queixou-se Beat, cumprimentando os meus pais. – Olá Martim, Daniel…
Eles sorriram. Beat já era meu amigo há tanto tempo que tratava os meus pais pelo nome próprio.
- Ok, mas então porque é que vieram aqui? – Perguntei.
- Oh, porque no tempo em que nós cá andávamos, por esta altura acontecia um evento marcante… - Disse-me Martim.
- Que é… - Interroguei.
- A batalha de início do ano, para dar as boas vindas aos recém-chegados. – Informou – Lembras-te de a Quica ter arrasado a Julie logo no primeiro duelo a que assisti?
- Oh, se me lembro… Aquela rapariga continua com a mesma garra de sempre. – Comentou Daniel.
- Urgh, vocês estão a fazer isso outra vez! – Exclamei.
- Isso, o quê? – Perguntaram em uníssono.
- Trocarem falinhas nostálgicas… - Comentei.
Ao longe, ouvi o som de um microfone a ser afinado.
- Oh, oh, oh, está na hora! – Cantou Martim, puxando-me a mim e a Daniel pelo braço.
- Cristo, ele sempre foi assim? – Gemi eu, para o meu outro pai, como se não o conhecesse.
- Sim… Shall the child be allowed to live it’s childhood… - Suspirou, num inglês com sotaque britânico.
3 comentário(s):
Fiquei tão contente por teres inserido o tema da Adopção Homossexual.
E que venham mais capitulos!
devia ter lido a outra série primeiro mas sou preguiçosa e não vou ler... Q_Q
estou a gostar desta história até agora! *.*
Não precisas obrigateriamente de ler a primeira para perceberes a história da segunda, a única coisa que têm em comum é algumas personagens e o local onde decorre. Mas quando quiseres ler, estás à vontade :P
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