Uma Pitada DeSall - Capítulo 5

Olho em volta. Não estou em casa. Mas também não estou no La Sirène… Será que fui raptado?! Levanto-me. Estou numa cama, completamente nu… Espreito para debaixo dos lençóis azuis. Oh, deuses, não, não devo ter sido raptado… E até devo ter tido uma noite das boas… Oh, mas com quem? Não me lembro de nada! A última coisa de que me lembro foi de ter ido sozinho ao bar e de me ter cruzado com o… Miguel… Alcanço um par de boxers que está no chão. Mm… Não são meus. Olho à volta. Encontrei a minha roupa interior… Está pendurada na cómoda que está encostada à parede à minha frente. Lindo… Trés amusant! Tento gatinhar pela cama sem expor as minhas partes privadas. Alguém se descontrola e solta um riso contido. Olho para a minha esquerda. A porta que dá acesso à casa de banho está aberta e Miguel está lá encostado, a rir-se da situação. Ele está também completamente nu, com a sua glória matinal ao rubro. Os meus olhos passam pelo seu corpo escultural. Musculado, de ombros largos e… Cristo! Aquilo esteve dentro de mim?! Como é que coube?! Ele olha-me.

- Não te lembras de nada, pois não? – Interroga, enquanto sorri.

- Na verdade… Não… Mas deve ter sido fantástico… - Respondo, forçando um sorriso também.

Ele aproxima-se, sentando-se ao meu lado na cama. Ainda me sinto pouco à vontade em mostrar-lhe o que os lençóis me cobrem.

- Talvez isto te avive a memória… - Comenta, segurando a minha cara com uma das suas mãos suaves e quentes.

Ele beija-me, passando a ponta da sua língua pelos meus lábios entreabertos. Depois, beija-me a face, o pescoço e vai descendo pelo meu corpo, passando a língua pelos meus abdominais (não tão definidos como os dele) e finalmente chega ao meu umbigo. Então, lembrei-me do que ele me fizera na noite anterior.

- Oh, lembro-me que tens uma língua hábil! – Digo, ao mesmo tempo que ele o demonstra.

Os meus nervos respondem ao estímulo. Ele passa a língua pela minha glande, e depois até à base, continuando assim durante algum tempo, até que eu olho por acaso para o relógio.

- Oh! Chiça! Treta! Tenho de ir trabalhar! – Exclamo, saltando para trás, para fora do alcance da sua boca.

Ele fica a olhar para mim, surpreso. Começa a fazer olhar de cachorrinho abandonado. Oh, ele até a fazer beicinho fica sexy. Levanto-me da cama e visto os meus boxers. Sinto-o aproximar-se.

- Ontem estavas mais solto… - Comenta.

Agora começo a sentir a indignação inundar-me.

- Tu aproveitaste-te da minha bebedeira para teres relações sexuais comigo?! – Exclamo, vestindo a camisola.

- Tu entraste em minha casa de livre vontade, aliás, até ias arrombando a porta. – Defende-se.

Visto as calças e procuro à minha volta.

- O teu telemóvel está em cima do sofá mais pequeno… - Informa.

- Obrigado. – Digo, secamente.

Quando saio de casa dele, surge-me uma pergunta na cabeça. Como é que ele sabia que eu estava à procura do telemóvel? Não importa. Tenho de ir para o restaurante agora, se não quero perder o emprego.