- Mas qual a solução que vós sugeris para escaparmos das garras da rutura económica? - Perguntou o monarca altivo, num espanhol floreado.
- Sua majestade, talvez a resposta se encontre em nossos vizinhos mais próximos... - Respondeu-lhe o concelheiro.
- França, quereis dizer? - Perguntou o rei indignado.
- Obviamente que não, minha Alteza. refiro-me ao Reino de Portugal.
- Como podem os nossos irmãos ajudar-nos? - Interrogou o governante.
- Ora, como potência económica marítima que são, seriam uma mais valia se vós viesseis, por acaso do destino, a reinar sobre tal reino.
- Mas como poderei eu usufruir do trono português?
- Majestade, como sabeis, Sebastião é um jovem aventureiro, e está mesmo determinado em roubar terra aos mouros. Mas tão jovem indivíduo pode facilmente perecer em tal batalha. Como vós bem sabeis, vossa linhagem tem antecedentes no sangue azul português, o que faria de vós um candidato fiável ao trono, se o jovem rei caísse em desgraça em Alcácer Quibir...
- Por acaso sugeris que mande assassinar Sebastião? - Perguntou o Rei friamente.
- E se o tencionais fazer, um homem poderia comprometer-vos alteza... - Sugeriu uma voz feminina, com sotaque francês, surgindo das sombras.
Os guardas agitaram-se, preparando-se para a atacar. Assim que se aproximaram dela, cairam no chão, em agonia.
- Senhor! É uma bruxa, profana, filha de Satanás! - Exclamou o conselheiro, benzendo-se.
- E o submundo poderá dar-vos o que quereis, Alteza, sem o inconveniente de deixar pistas que apontem para a sua pessoa.
- Mas acreditais sinceramente que eu aceitaria vender a minha alma ao Diabo para obter poder sobre Portugal?! - Indignou-se o monarca.
- Meu caro Filipe II, rei de Espanha e suas colónias, não lhe peço para vender a alma, apenas para cumprir facilmente o seu destino. Está escrito que "o segundo de um lado, se tornará primeiro do outro, assim que o moço armado, caía no chão desamparado"... - Afirmou ela, numa voz sibilante e profunda. - Isto, se vossa alteza estiver disposta a pagar o preço em ouro pelos meus serviços, para cumprir esta profecia. Se não o fizerdes, escrito está nos astros, que "o segundo cairá antes mesmo do primeiro, se o orgulho o dominar, e consigo para as profundezas, o seu reino vai arrastar".
Filipe contorceu-se de desconforto no seu trono.
- E por que nome respondeis vós, bruxa?
- Oh, Madame Voilenne. E sou uma mera feiticeira, a zelar pelo povo espanhol, berço de minha mãe.
Filipe olhou para ela. Aquela mulher que envergava um vestido negro rasgado não inspirava confiança.
- Que pretendeis com este acordo?
- Que me dê permissão para praticar livremente a minha arte.
O conselheiro voltou a benzer-se, caindo no chão de joelhos. O latim fluiu-lhe pelos lábios, rezando aos céus por ajuda divina.
- Calai-vos, Theodoro! - Ordenou o Rei. - Que Deus não nos possa ouvir enquanto pecamos! Confessar-me-ei quando a hora chegar. Madame Voilenne, falaremos melhor em particular, longe de olhos receosos.
Ela sorriu, mostrando os poucos dentes, uns amarelos, outros enegrecidos pelo tempo.
3 comentário(s):
x) ainda bem :P thanks
Estou a amar, continua!
oh... bruxas... feiticeiros... harry potter... *baba* /snapped porque isto não tem nada a ver com a história.
e é bom ver outras perspectivas das narrativas, uma acaba por se tornar entediante... mas quando eu gosto muito de um personagem só quero saber dele e outros... bem... eu salto as outras partes à frente! xD
mas nesta história, até agora, estou a simpatizar com todos. continua! cumpz! :3
Enviar um comentário